sexta-feira, 10 de abril de 2009

'Às Três, será de vez?', por Magarida Silva [2007-03-20]


Diz-se que há uma primeira vez para tudo. No caso dos organismos geneticamente modificados (OGM) a inocência terminou a 16 de Outubro de 1999 com a publicação, na prestigiada revista científica Lancet, do artigo de Ewen e Pusztai intitulado «Effect of diets containing genetically modified potatoes expressing Galanthus nivalis lectin on rat small intestine». Nele se relata a forma brilhante como se detectaram efeitos - inesperados e negativos - que as batatas transgénicas acarretaram aos animais que as comeram... mas não por causa da proteína transgénica presente no tubérculo. Ou seja, o processo de transgénese (independentemente da proteína a introduzir) pode acarretar alterações metabólicas específicas na planta, com consequências visíveis para a saúde, para além do que a proteína transgénica também possa induzir.

Este trabalho deveria ter levado, de imediato, a uma reavalição de todos os OGM em circulação. Isto porque, com base num dogma que só a fé pode explicar, os estudos de segurança alimentar assumem a seguinte equação como inquestionável: OGM = planta original + proteína transgénica. Por isso os ensaios de toxicidade de OGM são feitos, não com o OGM, não com a proteína extraída do OGM, mas sim com a proteína isolada de um microrganismo onde foi clonada. Mas, como Ewen e Pusztai mostraram, tal equação não podia estar mais longe da verdade. O todo é maior que a soma das partes e o produto a estudar tem de ser visto como alterado para além da mera adição proteica.

Para ver todo o artigo basta aceder a: http://www.ambientesaude.pt/index.php?page=368&view=news:View&id=291

Portugueses são globalmente contra os OGM’s

O Governo não está a levar em conta que a maioria dos portugueses considera prematura a introdução de organismos geneticamente modificados (OGM), quer no cultivo, quer na alimentação (sondagem do Observatório do Ambiente: 74% da população que expressa opinião sobre o assunto). Eurobarómetro aponta 64% dos portugueses contra os OGM.

Que alimentos nos pratos dos portugueses?

Depois da Comissão Europeia ter regulado a necessidade de rótulos nos alimentos geneticamente modificados, os portugueses questionaram-se acerca da origem dos alimentos que colocam nos pratos.
Em 2002, a revista ProTeste fez análises a 50 produtos e descobriu que os portugueses consumiam alimentos transgénicos.
Actualmente, nas prateleiras dos supermercados, produtos como mousse de chocolate, salsichas ou aperitivos não têm indicações sobre a presença de ingredientes geneticamente modificados. Mas a verdade é que a Europa continua a importar dos EUA transgénicos utilizados na produção deste tipo de alimentos. Nas lojas de produtos naturais encontramos o reverso da medalha: há produtos que, no rótulo, referem a não utilização de produtos geneticamente modificados. Isto não significa que estes tenham desaparecido da alimentação. Sem rotulagem eficiente cresce a incerteza dos consumidores sobre os produtos á base de soja milho ou mesmo de chocolate.


Focus, n.º 264, 2004 (adaptado)

Resistir ao míldio


Para as culturas de batata nada é mais devastador que o míldio, causado pelo fungo Phytophora infestans. O único meio de lutar, presentemente, é espalhar fungicidas. Todavia, uma variedade selvagem da bactéria, Sollanum bulbocastanum, é naturalmente resistente a este flagelo. Uma equipa de investigadores clonou um gene implicado neste génotipo fora do comum. Este gene após manipulação genética, revela-se suficiente para conferir a outra variedades de batateira resistência ao fungo


Há peixes transgénicos (PGM)?

Sim. Trutas, Salmões, Carpas e outros peixes foram manipulados geneticamente para ficarem mais resistentes a doenças ou crescerem mais depressa. Neste ultimo caso os peixes necessitam de menos alimento, o que se traduz numa redução dos custos de produção. Por exemplo, um salmão transgénico poderá ser colocado no mercado em 14 meses, em vez de 3 anos.

Tomate transgénico


Em 18 de Maio de 1994 foi aprovado para fins de comercialização o primeiro produto alimentar de biotecnologia vegetal – o tomate transgénico.
Esta variedade foi transformada para não amolecer durante o amadurecimento, evitando assim perdas durante o transporte e o armazenamento. Esta característica permite manter o tomate na planta ate este se tornar vermelho e saboroso, ao contrário do tomate normal, que é colhido verde e nunca chega a desenvolver o mesmo sabor
O tomate foi modificado para produzir menos 10 % do nível normal de uma das enzimas responsáveis pela degradação das paredes celulares do fruto e consequente amolecimento durante o processo de amadurecimento.